Rede Poderosa De Intrigas

Joshua B. Freeman é um professor estadunidense especializado nas dinâmicas de trabalho desde o início dos tempos modernos. Para tentar reconstituir e avaliar as dinâmicas da era moderna, Joshua condensa em Mastodontes (Todavia, 2019) 7 polos industriais gigantescos - os mastodontes - que mudaram a concepção que temos de modernidade, produção, consumo e as mais diversas relações e criações humanas, da arquitetura à literatura. Nesse primeiro episódio apresentamos os termos introdutórios e o primeiro e segundo capítulos, que tratam diretamente do primeiro complexo fabril da Inglaterra, vinculado à produção têxtil, e, posteriormente, aos complexos têxteis estadunidenses locados, majoritariamente, na Nova Inglaterra. As dinâmicas de produção, de consumo e de classe surgem e começam a moldar o mundo que sabemos ser, hoje, o nosso mundo. Importante: Arte feita por: Beatriz Félix (Instagram: @artbeafel). Para mais informações e outros episódios, acesse o nosso site www.centralredepoderosa.com.br. O podcast Rede

Chegou o frio e o B.O. de Junho!!!! Com quadro novo e muita indicação sinistra pra vocês!!!!!

Mugo, para os outros, é um herói. Porém, Mugo se ressente da posição central e simbólica que ocupa. À sua volta giram nomes como Karanja, Gikonyo, Mumbi, General R. e Kihika. Às vésperas da Uhuru do Quênia, Mugo terá de decidir se tomará para si o papel de herói ou deixará como legado aquilo que o aflige. Numa narrativa poética e horizontal, Ngugi wa Thiong'o traduz o Quênia efervescente pela recém-conquistada independência. Em meio a comemorações e resoluções para o novo futuro, wa Thiong'o nos mostra que pensar e agir no presente é uma obrigação permanente para alcançar a verdadeira independência. Publicado no Brasil em 2015 pela editora Alfaguara, com tradução de Roberto Grey Um Grão de Trigo (publicado originalmente em 1967) é um dos grandes romances sobre os processos de independência das nações africanas e seu caráter humano e revolucionário. Importante: Arte feita por: Nátali Nuss (Instagram: @nuss.art). Para mais informações e outros episódios, acesse o nosso site www.centralredepoderosa.com.br. O&nbs

Ada é uma jovem igbo em busca de conhecimento e emancipação. Prometida em casamento quando ainda pré-adolescente, Ada desde cedo sabe o fardo que é sustentar a casa, cuidar dos filhos e ainda alimentar os próprios sonhos. Ao conseguir chegar na Inglaterra, tempos depois do marido Francis ter ido, Ada se depara com uma realidade socialmente cruel e presa numa relação abusiva e muito violenta. Ainda assim, encontra na força das pequenas vitórias motivos para continuar acreditando.  Cidadã de Segunda Classe, da nigeriana Buchi Emecheda, foi publicado no Brasil pela editora Dublinense, em 2018, com tradução da Heloisa Jahn. Importante: Arte feita por: Nátali Nuss (Instagram: @nuss.art). Para mais informações e outros episódios, acesse o nosso site www.centralredepoderosa.com.br. O podcast Rede Poderosa de Intrigas também está no Instagram e no Twitter como @poderosarede. Para sugestões de pauta, críticas, parcerias, anúncios e mais, nosso e-mail é [email protected]. Esse episódio é uma produçã

Basma Abdel Aziz, também conhecida como A Rebelde, é uma ativista egípcia e psicanalista que já esteve presa e que ajuda presos políticos, vítimas de tortura por parte do Estado egípcio. Em 2013 lançou o seu primeiro livro, A Fila, uma distopia baseada na burocracia imposta pelo Portão, um órgão mediador entre povo e governo de um país desconhecido no Oriente Médio. Durante os "Eventos Execráveis", Yehya estava no lugar errado e na hora errada e acaba com uma bala alojada na região do abdômen, resultado do conflito entre as forças de repressão do Estado e manifestantes anti-Portão. Na busca por tratamento, Yehya vai parar nas mãos do médico Tarek, um homem resoluto e acomodado que segue as regras do jogo. Yehya, então, se coloca na fila à espera de que o Portão o atenda. Além de manter-se fechado por tempo indeterminado, parece que o Portão solta notas técnicas e resoluções a fim de complicar a situação gravíssima de Yehya, que não desiste. Importante: Arte feita por: Nátali Nuss (Instagram: @nuss.art). Para

Mais um mês que finda nesse 2020 sem precedentes! Aguentemos atentos, firmes e fortes!

Publicado aqui no Brasil em 2018 pela Todavia, o romance Uma Noite, Markotvitch, da israelense Ayelet Gundar-Goshen, mistura texturas para revelar a grande odisseia que foi a formação do Estado de Israel. Seguindo os passos de um protagonista inexpressivo, Iakoov Markovitch, somos introjetados a uma narrativa sensorial, com toques de realismo mágico e com um pano de fundo histórico bastante rico. Os cheiros, texturas e sabores emanam de cada página enquanto tentamos acompanhar a manifestação dos símbolos de amor, posse, raiva e fascínio que se manifestam de múltiplas formas, na calmaria ou na guerra. Importante: Arte feita por Nátali Nuss (Instagram: @nuss.art). Para mais informações e outros episódios, acessem nosso site www.centralredepoderosa.com.br.cO podcast Rede Poderosa de Intrigas também está no Instagram e no Twitter como @poderosarede. Para sugestões de pauta, críticas, parcerias, anúncios e mais, nosso e-mail é [email protected]. Esse episódio é uma produção da Central Rede Poderosa. Até

Naguib Mahfouz é egípcio e o primeiro árabe a ganhar um prêmio Nobel, em 1988. Com produção vertiginosa durante toda a vida, lançou mais de 30 romances, 300 contos e 70 peças, fora outros escritos. Tendo acompanhado revoluções durante toda a vida, a sua própria também foi uma revolução: trabalhou como diretor de censura no começo da carreira para tornar-se um herege às vistas dos líderes políticos e religiosos do Egito, culminando numa tentativa de assassinato em 1994.  Sua grande obra é Noites das Mil e Uma Noites, escrito e publicado entre o fim dos anos 70 e início dos anos 80. Aproveitando o encantamento das Mil e Uma Noites, Mahfouz recria, a partir do final aberto da peça árabe milenar, o universo de encantamento, aplicando-o outros novos matizes. Em Noites das Mil e Uma Noites, o sultão Shariar torna-se benevolente-quase-bobo, os gênios atuam como agentes de mudança extrema na trama e o louco é o grande sábio. Os contornos humanos em contos que se completam, fazem-nos viajar pela cidade sem nome n

Mais um beózão de quarentena com dicas quentes pra vocês! 

"Terra Americana" (Intrínseca, 2020), da autora estadunidense Jeanine Cummins, é motivo de fortes acusações de racismo e apropriação cultural por parte da comunidade latina residente nos EUA e pela comunidade literária do México. A ascensão astronômica do romance, lançado já com a certeza de virar filme e sendo um livro selecionado para o clube do livro da Oprah, faz parte de um complexo ferramental midiático de proporções jamais vistas no mercado editorial. As respostas da editora e da autora às acusações não foram das melhores, aumentando o mal-estar e a insatisfação do público leitor pelas Américas. O romance é um thriller que narra a fuga de Lydia, uma mexicana dona de uma livraria, e seu filho Lucas de Acapulco para escapar das mãos do cartel sanguinário Los Jardineros, comandado pelo sedutor, culto e implacável Javier, conhecido também por La Lechuza (a coruja). Lydia e o filho são os únicos sobreviventes ao massacre ordenado por Javier contra a sua família, quando morreram 16 pessoas, inclusive seu mar

Livro de estreia da jornalista venezuelana Karina Saenz Borgo, Noite em Caracas (Intrínseca, 2019, tradução de Livia Deorsola) subiu rapidamente nas listas de livros mais vendidos de muitos países ao ser vendido como um retrato da instabilidade política belicosa que vimos no país sul americano nos últimos anos. Porém, como a própria autora insiste em defender em entrevistas e eventos, Noite em Caracas caracteriza-se pela perda, pela relação entre mãe e filha, pelo caráter humano, pelo não-lugar e uma infinidade de situações e conflitos que se insinuam rápida e profundamente neste thriller de pouco mais de 200 páginas.  Importante: Arte feita por Nátali Nuss (Instagram: @nuss.art). Para mais informações e outros episódios, acessem nosso site www.centralredepoderosa.com.br.    O podcast Rede Poderosa de Intrigas também está no Instagram e no  Twitter como @poderosarede. Para sugestões de pauta,  críticas, parcerias, anúncios e mais, nosso e-mail é [email protected]. Esse

“Em tempos tão dilacerantes, não se pode escrever com suavidade. Sem delicadezas à nossa volta, é impossível fabricar textos refinados.” Pedro Juan, alterego homônimo ao autor, é um homem de meia idade e derrotado. A demissão do jornal para o qual trabalhava e o consequente mergulho na pobreza extrema de Havana fazem dele um exemplar perfeito para nos guiar numa Cuba assolada pela crise pós-queda da URSS e seu bloco econômico. Com muito rum, maconha e sexo, Pedro Juan é a personagem central de contos curtos que narram a parte suja do cotidiano da capital cubana. Tráfico, contrabando, prostituição, assaltos e violência ganham cores e cheiros vívidos e multiplicam-se na vida de um homem que já não acredita mais em muita coisa, que já se esqueceu do lúdico e que luta para sobreviver todo dia. Publicado em 1998, “Trilogia Suja de Havana” foi censurado por muito tempo em Cuba, mas alçou o nome de Pedro Juan Gutierrez para a literatura mundial. Incômodo e lancinante, é o principal livro de um movimento chamado de R

Um pouco mais longo por conta da quarentena. Se liga aí. 

Último episódio da temporada sobre o livro Na Fissura, do colunista Johann Hari. Dando continuidade aos trabalhos com a Parte V, “Paz”, pulamos para as Américas e os projetos que remam contra a maré da repressão ostensiva às drogas. O capítulo sobre José Mujica deixa muito a desejar sobre o próprio Mujica, mas deveria ser mesmo um capítulo sobre o Uruguai ser o único país latino-americano a legalizar uma droga, a maconha, e a experiência uruguaia nesses poucos anos. Nos EUA, com os argumentos e pontos de vista amplamente distintos das campanhas dos estados de Washington e do Colorado derreteram, em absoluto, o nosso querido colunista, que não soube o que fazer. No Brasil, um adendo escrito em 2017, Hari descreve uma realidade de absoluta miséria e marginalização com o mais absoluto descaso. Assim encerramos nossa jornada com o Na Fissura, acreditando no seu potencial de reunir informações, mas colocando muitas vírgulas sobre os posicionamentos defendidos pelo autor e a forma como ele personaliza questões soci

Publicado em 1931, Voragem desafia os modos e costumes japoneses e explora no limite o grande exercício de aproximação entre culturas, levando em conta a rápida inserção da cultura ocidental, principalmente a estadunidense, no modus vivendi japonês do início do século XX. Junichiro Tanizaki constrói uma trama intrincada de amor, desejo, traição e sacrifício em meio a um Japão em crise com a própria identidade. Segundo o relato de Sonoko para o seu sensei – talvez o próprio Tanizaki –, ela ainda tentava se redimir de uma suposta traição, mesmo que nada tenha acontecido segundo suas próprias palavras, quando pinta o rosto de Mitsuko no lugar da modelo que posava como a deusa Kannon. Boatos lançados pelo diretor da escola de artes aproximaram a aprendiz de pintora e a musa, e a partir daí as duas travam uma relação intensa, explorando os limites mais ferozes do amor. Mal sabia Sonoko que estaria, mais uma vez, entregando o casamento à própria sorte. Vale destacar a tradução de Leiko Gotoda, sobrinha do autor – a

Depois de traçar um panorama histórico da guerra às drogas, delinear estereótipos, mostrar como essa guerra se dá nos dias de hoje e ir em busca das causas da dependência, Johann Hari chega a última parte do livro em vias de mostrar exemplos que deram certo ao redor do mundo. A Parte V, intitulada "Paz", não à toa é a maior do livro. São quase 200 páginas carregadas de exemplos e situações alternativas ao que nos acostumamos ouvir dizer sobre as drogas, seus usos e usuários. São tantos os exemplos, que procuramos dividir em dois episódios. Nesse Lado A da nossa conversa, seguimos pelas alternativas à guerra no Canadá, Suíça, Inglaterra, Holanda e Portugal. Em diferentes formas e especificidades, exemplos desses países mostram novas facetas e arrancam do senso comum a ideia de que apenas o estado de guerra conseguirá liquidar organizações criminosas que possuem no tráfico internacional de drogas sua principal fonte de renda. Importante: Arte feita por Isadora Daurizio (Instagram: @colagemruim).  Para mais

No terceiro episódio da série Na Fissura, discutimos a Parte IV do livro, “Templo”. A parte funciona como um divisor de águas para Hari. Aqui, o autor, que julga ter contextualizado a guerra às drogas historicamente e ter esclarecido quem são os principais atingidos pelas medidas ostensivas e punitivas da proibição legal e da criminalização do usuário, foca e explicita o ponto que defende como causa principal da dependência em drogas e do vício. Usando como base a experiência do Rat Park, do pesquisador Bruce Alexander – que teve seus recursos cortados logo que apontados os primeiros resultados que desafiavam a convenção geral da “dependência química” –, o jornalista defende que a dependência é causada, majoritariamente, por profundos traumas aliados a um modo de vida solitário, culminando na substituição dos afetos pelo consumo exacerbado. Um círculo vicioso cada vez mais comum. Apoiado no contrassenso e na determinação de desafiar o sistema tal como é, Johann Hari busca na ciência a afirmação inequívoca par

Byung-Chul Han é um filósofo sul-coreano radicado na Alemanha. Em 2010 publicou o que viria a ser seu ensaio mais famoso e um grande alerta para esse início acelerado de século XXI, Sociedade do Cansaço. Em tempos de uberização do trabalho e de pirotecnia apontadas para o enriquecimento brutal através da iniciativa individual, o indivíduo está se tornando rapidamente escravo da própria consciência, num processo de “autoviolência” sem tamanho. Se antes vivíamos numa sociedade de controle externo; hoje os mecanismos de controle partem de cabeças colonizadas pelo mercado neoliberal selvagem através de imagens de superação e de sacrifício. Os paralelos com a realidade latino-americana são inevitáveis. Em tempos de reformas trabalhistas, desemprego elevado e recordes sucessivos nos índices de trabalho informal, mais do que nunca o ensaio do filósofo sul-coreano se mostra necessário e transgressor. A leitura mostra-se ainda mais necessária quando o documentário Indústria Americana acaba de ser laureado pela academi

No segundo episódio da série Na Fissura decidimos reunir as partes II e III e dar um salto no tempo para tratar dos efeitos da guerra às drogas hoje. Para isso, Hari continua sua peregrinação pelos EUA até chegar à fronteira com o México. Buscando racionalizar os efeitos da guerra nas pessoas comuns, as duas partes entram em contato com pessoas comuns, como nós e vocês, intimamente ligadas a essa guerra insana: Chino Hardin, ex-traficante e ativista anti-prisão em NY; Leigh Maddox, policial reformada e ativista anti-prisão em Baltimore; Rosalio Reta, ex-Zeta preso na fronteira com o México; Marcia Powell, presa por posse de maconha, foi negligenciada e morreu numa jaula, uma espécie de solitária, numa prisão para mulheres no Arizona; e outros. Hari salta de maneira brusca no tempo e seus recortes permanecem contornados pela aura dos estereótipos criados na primeira parte. Às sombras de Anslinger, Holliday e Rothstein, acompanhamos pequenas biografias cruas que se confundem com a própria história estadunidense

O carnaval já passou, fevereiro deixou suas feridas, seus amores e suas poucas leituras e estamos aqui, como sempre, falando tudo sobre nada ou nada sobre tudo! Importante:  Para mais  informações e referências sobre esse episódio, acesse nosso site www.centralredepoderosa.com.br.  O podcast Rede Poderosa de Intrigas também está no Instagram e no  Twitter como @poderosarede. Para sugestões de pauta, críticas,  parcerias, anúncios e mais, nosso e-mail é [email protected]. Esse episódio é uma produção da Central Rede Poderosa. Até a próxima!